sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O Amor
Vladimir Maiakóvski

Um dia, quem sabe, ela, que também gostava de bichos,
apareça numa alameda do zôo, sorridente, tal como agora está
no retrato sobre a mesa.
Ela é tão bela, que, por certo, hão de ressuscitá-la.

Vosso Trigésimo Século ultrapassará o exame
de mil nadas, que dilaceravam o coração.

Então, de todo amor não terminado
seremos pagos em inumeráveis noites de estrelas.
Ressuscita-me, nem que seja só porque te esperava
como um poeta, repelindo o absurdo quotidiano!
Ressuscita-me, nem que seja só por isso!

Ressuscita-me!

Quero viver até o fim o que me cabe!
Para que o amor não seja mais escravo
de casamentos, concupiscência, salários.

Para que, maldizendo os leitos, saltando dos coxins,
o amor se vá pelo universo inteiro.

Para que o dia, que o sofrimento degrada,
não vos seja chorado, mendigado.

E que, ao primeiro apelo: - Camaradas!
Atenta se volte a terra inteira.

Para viver livre dos nichos das casas.
Para que doravante a família seja o pai, pelo menos o Universo,

a mãe, pelo menos a Terra.

Vladimir Mayakovsky nasceu na Geórgia, então Rússia, em 1893. Entrou para a facção bolchevique do Partido Social-Democrático Operário Russo ainda na adolescência, sendo preso várias vezes. Junto com David Burlyuk, Khlebnikov e Kruchonykh, publica o manifesto cubo-futurista intitulado Uma bofetada no gosto do público.

Após a Revolução de Outubro, trabalhou na Agência Telegráfica Russa, foi redator da revista LEF (de Liévi Front, Frente de Esquerda), escreveu teatro, fez inúmeras viagens pelo país, aparecendo diante de vastos auditórios para os quais lia os seus versos.

Nuvem de calças, publicado em 1915, foi talvez o seu primeiro grande poema a ser editado. Suicidou-se com um tiro, aos 37 anos de idade, em 14 de Abril de 1930.

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